A campanha do Fevereiro Roxo dedica-se à conscientização sobre doenças crônicas (como o lúpus, alzheimer e fibromialgia), com isso, trouxemos à tona um tema de grande relevância: o tratamento da doença de Lúpus.
É fundamental, portanto, que os pacientes diagnosticados conheçam os avanços na área, incluindo os imunobiológicos, que revolucionaram o manejo da doença.
Pensando nisso, preparamos um artigo com tudo que você precisa saber sobre o tratamento da doença de Lúpus. Saiba mais a seguir:
O que é o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)?
O lúpus é uma doença autoimune em que o sistema imunológico ataca (de forma errada) os tecidos saudáveis do corpo. Infelizmente, essa condição pode afetar múltiplos órgãos e sistemas, incluindo a pele, articulações, rins, cérebro e coração.
Os sintomas podem variar, mas em geral, incluem:
- Dores nas articulações
- Erupções cutâneas, especialmente no rosto (em forma de “asa de borboleta”)
- Fadiga
- Febre
- Perda de cabelo
- Sensibilidade à luz solar
- Problemas renais
- Dor no peito
- Dificuldade para respirar
O tratamento da doença de Lúpus, por sua vez, tem como objetivo controlar os sintomas ao reduzir a resposta autoimune e reduzir os danos aos órgãos do paciente.
Como funciona o tratamento da doença de Lúpus?
Geralmente, o tratamento da doença de Lúpus envolve medicamentos convencionais, como antimaláricos (hidroxicloroquina), corticosteroides e imunossupressores. Nos últimos anos, os imunobiológicos têm se destacado como uma opção inovadora no tratamento da doença de Lúpus, sobretudo para casos mais graves e/ou resistentes.
Em todos os casos, porém, esse tratamento deve ser individualizado, considerando a gravidade dos sintomas e os danos causados aos órgãos.
Principais imunobiológicos utilizados no tratamento da doença de Lúpus
Os imunobiológicos são medicamentos produzidos por biotecnologia que atuam ao modular o sistema imunológico. Eles reduzem a atividade autoimune do corpo e diminuem a inflamação, sendo essa uma alternativa em casos de lúpus refratário, isto é, quando os tratamentos convencionais não são suficientes.
Veja quais são os principais imunobiológicos utilizados no tratamento da doença de Lúpus:
Belimumabe (Benlysta)
Em primeiro lugar, entre os imunobiológicos usados no tratamento da doença de Lúpus, está o Belimumabe. Em 2011, foi aprovado nos Estados Unidos e, em seguida, em outros países, como o primeiro imunobiológico para tratar essa condição.
Ele atua ao inibir a proteína estimuladora de linfócitos B (BLyS), essencial para a sobrevivência das células B – responsáveis pela produção de autoanticorpos no lúpus. Sendo assim, diminui a produção de autoanticorpos e, por consequência, a inflamação e os danos aos tecidos.
Indica-se este imunobiológico para pacientes adultos com LES ativo e autoanticorpos positivos, que não responderam adequadamente a outras terapias. A administração, por sua vez, ocorre via infusão intravenosa ou subcutânea.
Embora possa provocar efeitos adversos, como por exemplo infecções respiratórias, náuseas, dificuldade para dormir, febre, dores musculares e depressão, estudos clínicos indicam que o Belimumabe reduz as crises de lúpus, melhora os sintomas e permite a redução do uso de corticosteroides.
Vale destacar que, como não houve avaliação em mulheres no período de gestação e lactação, bem como em idosos e crianças, ainda é desconhecida sua eficácia para esses grupos de pacientes.
Rituximabe (Rituxan/Mabthera)
O Rituximabe é outro imunobiológico utilizado no tratamento da doença de Lúpus. Consiste em um anticorpo monoclonal que tem como alvo a proteína CD20 nas células B, levando à sua destruição. Desse modo, reduz a produção de autoanticorpos e controla a atividade da doença.
O seu uso é comum em casos mais graves, sobretudo em pacientes com envolvimento renal (nefrite lúpica) ou hematológica. A administração ocorre por infusão intravenosa.
Anifrolumabe (Saphnelo)
O anifrolumabe também é uma opção no tratamento da doença de Lúpus, tendo este imunobiológico a aprovação mais recente em relação aos demais. Trata-se de um um anticorpo monoclonal que atua ao bloquear o receptor do interferon tipo I, uma citocina envolvida na resposta inflamatória do lúpus. Sendo assim, o anifrolumabe ajuda a reduzir a atividade da doença e a proteger os órgãos de danos.
A administração ocorre via intravenosa, com objetivo de reduzir os sintomas cutâneos e articulares, além de diminuir a necessidade de corticosteroides.
Os benefícios dos imunobiológicos no tratamento da doença de Lúpus
Entre os benefícios dos imunobiológicos no tratamento da doença de Lúpus, podemos destacar:
Redução da atividade da doença
Os imunobiológicos auxiliam a reduzir a atividade em pacientes com a doença de Lúpus, o que significa que há um maior controle dos sintomas e proteção dos órgãos, evitando os danos consequentes da doença.
Redução de efeitos colaterais
Outro benefício dos imunobiológicos no tratamento da doença de Lúpus é a redução de efeitos colaterais, muitas vezes associados aos tratamentos convencionais, como os corticosteroides.
Melhora da qualidade de vida
A administração desses medicamentos pode gerar melhor qualidade de vida para os pacientes, sobretudo àqueles que não respondem aos métodos de tratamento convencionais. Há, portanto, o alívio de sintomas, melhora da função física e até mesmo a redução de fadiga.
Riscos e efeitos colaterais
Embora os imunobiológicos apresentem diversos benefícios para tratar o Lúpus, como qualquer tratamento, é preciso considerar os riscos e efeitos colaterais que esse medicamentos fornecem, como por exemplo:
- Infecções respiratórias;
- Náuseas;
- Reações no local da infusão;
- Entre outros.
Sendo assim, em todos os casos, o paciente deve discutir os riscos e benefícios dos imunobiológicos com seu médico antes de iniciar o tratamento. O médico irá avaliar seu histórico de saúde, realizar exames e monitorar de perto sua resposta ao tratamento, afinal, esse tratamento requer monitoramento regular para manter a segurança e a eficácia.
Perguntas frequentes (FAQ)
Agora que você já sabe como funciona o tratamento da doença de Lúpus com os imunobiológicos e seus principais benefícios, respondemos algumas perguntas frequentes relacionadas ao assunto:
1) Todos os pacientes com lúpus podem realizar o tratamento com os imunobiológicos?
A resposta é não. Os medicamentos imunobiológicos são indicados principalmente para pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES) moderado a grave, que não respondem adequadamente aos tratamentos convencionais, como corticosteroides e imunossupressores.
Sendo assim, a decisão de usar esses medicamentos deve ser individualizada e realizada por um especialista em reumatologia ou imunologia. Ele irá considerar o perfil do paciente, a gravidade da doença e os possíveis riscos e benefícios.
2) Quais cuidados devo ter antes de iniciar o tratamento da doença de Lúpus com imunobiológicos?
Antes de iniciar o tratamento, é importante que o paciente realize uma avaliação médica completa. Isso inclui exames de sangue para verificar a função renal e hepática, testes para descartar infecções latentes (como tuberculose e hepatites) e uma revisão do histórico de vacinas.
3) Quanto tempo leva para os imunobiológicos fazerem efeito?
O tempo para notar a melhora dos sintomas pode variar de acordo com cada paciente e depende do medicamento utilizado.
4) É possível interromper o uso dos imunobiológicos após a melhora?
A interrupção do tratamento deve ser feita apenas sob orientação médica. Sendo assim, fique atento, pois em alguns casos, a suspensão repentina pode levar à piora dos sintomas e novas crises da doença.
A imunoterapia tem transformado o tratamento da doença de Lúpus
Por fim, podemos destacar que o Fevereiro Roxo é uma oportunidade para espalharmos a conscientização e a informação sobre o lúpus e outras doenças crônicas. A imunoterapia tem transformado o tratamento da doença de lúpus, renovando a esperança para os pacientes.
Se você ou alguém que você conhece vive com lúpus, é essencial buscar orientação médica para entender a melhor opção de tratamento para o seu caso.